quinta-feira, 17 de março de 2016

Instabilidade política e meio pagão: um apelo

Vivemos em um momento delicado na historia politica de nosso país, onde setores progressistas e conservadores disputam holofotes e agremiam seguidores para suas fileiras, como se preparassem um exército para uma guerra civil. Muitos podem achar que isto não envolve diretamente os pagãos, mas sim, envolve, e é sobre isto que será este texto.Vou analisar os dois lados da historia, para que fique o mais imparcial possível, e depois cada um tire suas próprias conclusões.

Muitos pagãos são de direita, e muitos mais os de esquerda. Nenhum dos dois está errado em suas posições políticas, já que o paganismo em si tem base para a aceitação dos dois lados (sim meus caros, você não leu errado). O problema dessa historia toda é que independente do lado da moeda, as religiões pagãs defendem em suas doutrinas um equilíbrio de forças e não uma polarização, pois sempre que tal coisa ocorre, entramos no confronto. Só que muitos dos pagãos ao invés de adotar a postura filosófica do ouvir os dois lados, mesmo que um dos lados seja contrario ao meu, preferem adotar a postura do radicalismo e de um posicionamento extremista e, inclusive, maquiavélico. Duvida? Então veja isto.

Quando começou as manifestações contra o atual governo, não foram poucos os pagãos que adotaram a postura de apoiar o movimento na sua integralidade, mesmo que a cabeça do mesmo sejam organizações e pessoas como a bancada evangélica, opus dei, Jair Bolsonaro e Silas Malafaia. Adotaram o posicionamento maquiavélico de "o inimigo do meu inimigo é meu aliado", mesmo que isto signifique, entre outras coisas, defender extermínio de índios e de membros da comunidade LGBT e negra, invasão de terreiros de culto afro, tudo aceitável quando se trata de "lutar contra o comunismo" neste nosso macarthismo tardio. Pena que a historia da humanidade sempre mostrou que esta corda arrebenta em nosso colo sempre. Em 1964, a maçonaria e algumas ordens iniciáticas apoiaram o golpe militar...anos depois, no período da abertura política, o Grão-Mestre do GOB, em um apelo aos maçons para a causa da democracia, admitiu que foi um grande erro apoiar o golpe, já que, durante os anos em que se seguiram, houve uma invasão de "arapongas" (termo usado para designar os espiões do antigo SNI, hoje ABIN) dentro das fileiras das lojas, tudo para verificar o que acontecia durante as reuniões ( ou seja, em linguagem maçonica, nunca o telhado estava coberto). Terreiros de umbanda e candomblé, para funcionarem, tinham de ter "registro em órgão de classe" pois senão, a policia poderia a qualquer momento, invadir o culto e acabar com o mesmo ( e sim, mesmo depois da cf de 88, esta mentalidade demorou para sair dos policiais, eu mesmo já acompanhei relatos de terreiros que a PM bateu na porta durante o culto, procurando saber se havia alvará, sendo que a cf garante a liberdade de culto para todos). Isto sem falar que tarólogos e cartomantes tinham de trabalhar escondidos, já que na época a atividade era ilegal. E quem ousasse falar contra o regime, era preso, torturado e em muitos casos, morto. Outro exemplo clássico, durante a invasão nazista à França, as ordens druídicas da Bretanha Menor apoiaram a invasão e o governo de Vichy, além de apoiarem abertamente o nazismo, entregando para a Gestapo dissidentes e pessoas contrárias a ideologia. O intuito desse apoio era a de conseguir com isto a independência da Bretanha, só que não só esta demanda não foi conquistada com os nazistas, como também após a guerra, a Bretanha Menor sofreu uma das maiores retaliações do governo francês, a língua bretã foi proibida, ordens druidicas também.Ainda no período da segunda guerra, a maçonaria ( sempre ela) apoiou a ascensão de Mussolini ao poder da Italia, mesmo ele sendo declaradamente anti-maçom...resultado que logo após Bento Mussolini assumir o poder, ele manda fechar o Grande Oriente Italiano e suas respectivas lojas.
"Ah!mas hoje é diferente!" pode vir a dizer o pagão que apoia a extrema direita nas manifestações. Bem, não é: Como afirmou o ministro Marco Aurelio de Mello no caso da condução coercitiva do Lula, se estão fazendo isto com uma figura publica, imaginem o que fazem com o cidadão comum. Se você concorda com grampo ilegal e abuso de autoridade neste caso, reflita se a situação fosse diferente, se os que estão por trás dessa historia tomam o poder como querem, como será a sua privacidade de culto, com a policia batendo na porta do coven com a desculpa de "verificar o que tá havendo" como fizeram no sindicato dos metalúrgicos do ABCD paulista, ou imagine seu e-mail grampeado, e todos os assuntos do teu coven sendo expostos na imprensa pela própria justiça que te grampeou... imaginou?!pois sim, foi isto que ocorreu no caso agora, e é isto que ocorrerá se a extrema direita assumir o poder.

Prometi imparcialidade, então agora, o puxão de orelha nos pagãos da esquerda. E aqui, a coisa é muito mais complexa do que um simples maquiavelismo oportunista que vemos na direita. É uma crença cega de que realmente haja a inocência dos lideres da esquerda no caos gerado. Meus amigos digo-lhes que não há inocência! A Dilma renunciou ao projeto da esquerda para tentar uma governabilidade com a direita ( em um oportunismo maquiavélico que nunca dá certo), e simplesmente ignorou reivindicações de quilombolas, de índios,da agricultura familiar e de ambientalistas.Dançou o jogo do poder inclusive com as lideranças do movimento evangélico radical e oportunista, como foi o caso do Edir Macedo, e com isto, para "agradar" estes aliados, foi capaz de engavetar projetos que eram sim de interesse da população , mas não eram de interesse deles. Dilma pecou por descaso e falta de pulso, e é uma das responsáveis pelo caos politico dos dias de hoje. O Lula, a mesmíssima coisa!Pecou por omissão, por sempre se dizer que nada sabia, mesmo sendo chefe de estado e chefe político de uma das maiores nações do mundo.Pecou por uma falta de postura em relação as reivindicações da nação, preferindo partir sim para um populismo do que para uma governabilidade que vislumbrasse o contrário. A esquerda hoje parte para um culto a personalidade, no qual assim como os santos católicos, não admite-se sequer questionar a idoneidade moral de suas lideranças, e se esquece que acima de tudo estas mesmas lideranças são humanas, passiveis de errar e de falhar. E como isto afeta o paganismo, pode-se perguntar o pagão da esquerda?! Só olhar como funcionou a liberdade religiosa na URSS depois de Stalin, sendo que ele seguiu posicionamento contrário ao que determinava Lenin. Lenin nunca fechou nenhuma ordem iniciática e nem impediu o funcionamento delas e de igrejas, já Stalin, determinou o fechamento de todas as igrejas e ordens iniciáticas, e as que sobreviveram, foram para a clandestinidade.

Portanto, meus caros, peço um momento de reflexão, de "olhar para o próprio calo", e perceber que sim, é hora de mudança, mas devemos fazer isto mantendo as instituições democráticas, e lutando para fortalecer a nossa jovem democracia, e não ficar em polarizações infantis típicas de torcedor de futebol. Sejamos coerentes com as nossas crenças, pois senão, não adiantará pedir ajuda aos Deuses se apoia os que querem destruir o templo, pois eu acho que neste caso os Deuses não irão lhe ouvir.



Nenhum comentário:

Postar um comentário